Historiador publica livro sobre o teatro capixaba e a ditadura militar
Parece contraditório, mas na percepção de alguns artistas teatrais capixabas, os anos 70 representaram um período de destaque para o movimento teatral local, exatamente na época da ditadura militar. A curiosidade por entender esse fenômeno e explicar a quase inexpressão da arte no Estado fez com que o ator e historiador Duílio Henrique Kuster Cid se debruçasse sobre esse assunto na construção da sua dissertação de mestrado, defendida em 2013. Agora, contemplado pelo Edital da Lei Rubem Braga, o resultado desse trabalho se transforma no livro “Revolução dos Caranguejos – o Teatro no Espírito Santo durante a Ditadura Militar”, que será lançado no próximo dia 12 de março (sábado), às 19h, na sede da Folgazões Artes Cênicas, no Centro de Vitória.
O nome da obra – a única disponível sobre o tema, o que tornou o estudo árduo, mas de grande relevância – é o título da peça escrita e dirigida por Antônio Carlos Neves, junto ao grupo Geração, em 1979. A montagem é considerada um marco do amadurecimento do teatro capixaba e remete a uma metáfora que sintetiza as políticas desenvolvidas para a arte no Espírito Santo durante a Ditadura Militar. “Se até 1977 aconteceu uma revolução na forma do Estado relacionar-se com a atividade, após esse ano, assim como o crustáceo, esse processo não foi para frente e, o que é pior, retrocedeu num momento em que o teatro capixaba principiava alcançar uma dimensão considerável. Esse descompasso talvez explique os rumos tomados na área nas décadas seguintes”, opina Duílio.
A pesquisa identificou três momentos distintos das ações empreendidas pelo Espírito Santo em prol do teatro: de 1964 a 1969, uma fase de ausência de qualquer política; de 1970 até 1977, período de muitas ações marcado pela criação da Fundação Cultural do Espírito Santo (FCES), reforma do Teatro Carlos Gomes, e realização do I Festival Capixaba de Teatro Amador e de cursos de formação dramática, entre outras; e de 1977 a 1980, momento de crise econômica e redução dos investimentos que culminou com a extinção da FCES.
Integram também o livro entrevistas com referências do teatro local, como Luiz Tadeu Teixeira, Paulo de Paula, Rômulo Musiello, José Augusto Loureiro, Renato Saudino e Sebastião Xoxô, este último falecido no ano passado, nas quais revelam bastidores e relembram fatos que ajudam a remontar a história do teatro no Espírito Santo.
O lançamento do livro “Revolução dos Caranguejos – o Teatro no Espírito Santo durante a Ditadura Militar”, da Editora Cândida, patrocinado pelo Banco Banestes e aberto ao público, contará com coquetel, apresentação de cantor Pedro Demóstenes Monteiro, e distribuição gratuita de exemplares autografados.
Serviço:
Lançamento do livro “Revolução dos Caranguejos – o Teatro no Espírito Santo durante a Ditadura Militar”, Editora Cândida
Data: 12/03/16 (sábado)
Horário: 19h
Endereço: Rua Nestor Gomes, 168, Centro, Vitória/ES. Em frente ao Palácio Anchieta.
Entrada gratuita.